Na próxima semana, o mundo celebrará uma das maiores culturas que movimentam a economia mundial: a do algodão. Cultivada em mais de 70 países distribuídos por todos os continentes – o equivalente a 2,8% das terras agricultáveis do mundo -, a cultura algodoeira tem a maior participação em área, após grãos e soja, e movimenta cerca de US$ 40 bilhões, segundo o Comitê Consultivo Internacional do Algodão (Icac).
Os números expressivos da produção da pluma levaram a Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) a aprovar, em 2019, a criação do Dia Mundial do Algodão, comemorado em 7 de outubro, com o objetivo de celebrar seu papel no desenvolvimento econômico, no comércio internacional, na inclusão social e na redução da pobreza, além de aumentar a visibilidade do setor algodoeiro, que não para de crescer.
O comércio que envolve a fibra natural atinge mais de 150 países, 100 milhões de famílias e em torno de 350 milhões de pessoas no mundo, em todos os elos da cadeia produtiva. De acordo com o relatório Cotton This Month, de setembro de 2023, divulgado pelo Icac, os países que cultivam algodão plantaram, na safra 2022/23, 32,2 milhões de hectares da pluma e produziram 24,6 milhões de toneladas, movimentando uma extensa cadeia produtiva e comercial em operações de abastecimento interno, importações e exportações.
Mantendo, basicamente, a mesma área plantada da safra 2021/2022, de 1,6 milhão de hectares, para a safra 2022/2023, a produção brasileira é projetada em 3,07 milhões de toneladas, uma variação positiva de 19,8% ante a safra passada, segundo estimativas da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa). No Brasil, o Valor Bruto da Produção (VBP) de algodão, em 2023, é de R$ 30,7 bilhões.
O presidente da entidade, Alexandre Schenkel, destaca a importância da fibra natural, ainda mais no ano que o Brasil está próximo de registrar uma safra recorde, e enfatiza que a pluma natural é a melhor escolha, frente aos produtos sintéticos, pois além de qualidade, é um produto responsável e biodegradável. “Temos orgulho de promover o algodão, fibra inclusiva, feita por pessoas e cheia de história. Por isso, nos juntamos a todos os países produtores, neste dia 7 de outubro e em todos os outros dias, para celebrar uma das cadeias que mais gera empregos no País e no mundo, contribuindo para o desenvolvimento das regiões produtoras”, afirma.
Fortalecimento do Brasil
O foco constante na aplicação das boas práticas de produção agrícola no Brasil e o investimento em tecnologia fez com que a cotonicultura brasileira adquirisse um novo patamar, a partir dos anos 2000. O país saiu da quarta posição para ocupar a terceira na produção mundial de algodão, e hoje é o segundo maior exportador da pluma do mundo, “construindo plenas condições para se tornar a primeira, com investimento em qualidade, sustentabilidade e rastreabilidade, que são pilares para o desenvolvimento de ações na Abrapa”, segundo Schenkel.
O trabalho realizado nesses pilares fez com que, em agosto, o algodão brasileiro fosse a primeira cadeia produtiva a ser certificada por autocontrole no Brasil, por meio do Programa de Qualidade do Algodão Brasileiro desenvolvido pela Abrapa em parceria com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), e que está sendo usada como modelo de sucesso para outras cadeias produtivas no país.
Para Cecília Malaguti, responsável pela cooperação Sul-Sul trilateral com Organismos Internacionais da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), “À medida que celebramos o Dia Mundial do Algodão, reafirmamos a importância da cooperação Sul-Sul trilateral brasileira no setor algodoeiro, em que os fios da expertise nacional entrelaçam-se com as aspirações globais. Esta parceria sofisticada não apenas fortalece a posição do Brasil como líder na produção de algodão, mas também semeia os benefícios da sustentabilidade, inovação e prosperidade, tecendo um futuro promissor para todos os envolvidos”.
Comemorações
Um dia para celebrar a importância global do algodão não será suficiente. Por isso, a Abrapa preparou uma semana repleta de comemorações, que irá reunir cotonicultores, trabalhadores e pessoas ligadas à moda e ao setor produtivo para destacar a fibra mais natural do mundo. Este ano, o mote da campanha alusiva à data será “O Algodão Inspira”, que estará presente em uma série de iniciativas da associação e do movimento Sou de Algodão.
“Comemorar o Dia Mundial do Algodão representa dar visibilidade e destacar o importante papel da produção e da transformação do algodão como gerador de emprego e renda, principalmente para agricultores familiares. Além disso, estamos celebrando este ano uma década de uma parceria de sucesso entra a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) e a ABC (Agência Brasileira de Cooperação) na promoção do fortalecimento da cadeia de valor do algodão, apoiando na melhoria da produção, na capacitação de agricultores e agricultoras familiares, na promoção de práticas sustentáveis e na valorização desse importante setor agrícola na América Latina”, destaca Adriana Gregolin, coordenadora do projeto +Algodão pela FAO.
No dia 4, será realizado um Fórum Ministerial sobre políticas públicas e a competitividade do setor algodoeiro regional, no escritório da FAO em Brasília, com a participação de ministros e vice-ministros de agricultura de países latino-americanos. Às 16h, está previsto o talk-show “Tendências em Moda e Materialidade na América Latina”, no Museu Nacional da República. Em seguida, ocorre o desfile de moda “América Latina veste-se de algodão” com curadoria do estilista colombiano Juan Pablo Martinez. O evento de lançamento será assinado por Paulo Borges, sócio criador e fundador do São Paulo Fashion Week. No encerramento, às 19h, uma projeção na Cúpula do Museu Nacional da República mostrará imagens relacionadas ao algodão latino-americano.
Em 5 de outubro, pela manhã, será realizada a 5ª reunião do Fórum Regional do Algodão, na sede Abrapa, com o tema: “Fibra regenerativa do algodão e adaptação às mudanças climáticas”.
No dia 6, a partir das 14h, o Dia Mundial do Algodão será comemorado em uma sessão especial no Senado Federal, com a presença de autoridades e representantes do setor.
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Fonte: Imprensa Abrapa
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