Circuito Técnico Amipa 2025 fortalece a cotonicultura mineira com tecnologia, regionalização e inclusão de pequenos produtores

Evento percorreu as regiões produtoras com debates técnicos sobre irrigação, nutrição do solo, biotecnologia e protagonismo da agricultura familiar. Foto: Cheese Filmes | acervo Amipa.

Com uma proposta inovadora de descentralização e troca de saberes em campo, o Circuito Técnico Amipa (CTA) 2025 retorna em sua segunda edição como uma importante ferramenta de difusão tecnológica da cotonicultura em Minas Gerais. Organizado pela Associação Mineira dos Produtores de Algodão (Amipa) e com o apoio do Grupo de Estudos do Algodão Mineiro (GEAM), o circuito reuniu produtores, técnicos, pesquisadores, estudantes e representantes do setor para discutir os principais desafios e oportunidades da cultura do algodão em solo mineiro. O evento, que ocorreu em cinco etapas realizadas entre abril e junho, revelou a diversidade de realidades regionais e a força de um modelo que alia ciência, inovação e inclusão produtiva.

Primeira etapa: conhecimento técnico na prática em Varjão de Minas (MG) e São Gonçalo do Abaeté (MG)

Maior produtor de algodão na safra 2024/2025, o Noroeste Mineiro abriu o calendário do Circuito Técnico Amipa 2025. Fotos: divulgação.

A largada do CTA 2025 aconteceu no dia 29 de abril nas fazendas São João (Varjão de Minas) e Pirulito (São Gonçalo do Abaeté), marcando o início de uma jornada de regionalização do debate técnico. Sob a liderança de Germison Tomquelski, da Desafios Agro, os participantes tiveram acesso a orientações sobre manejos de lavoura e tecnologias adaptadas ao perfil climático e produtivo do Cerrado Mineiro.

Para o diretor executivo da Amipa, Lício Augusto Pena de Sairre, o circuito representou uma oportunidade de levar conhecimento atualizado aos produtores, de forma prática e ajustada à realidade de cada região. “A ideia foi promover a troca de experiências técnicas no campo, com foco em manejos eficazes e tecnologias de ponta, adaptadas às condições locais. Fortalecer a cotonicultura mineira passa por entender essas especificidades”, afirmou.

Além das demonstrações em lavoura, a etapa inaugural evidenciou o papel do GEAM como articulador técnico e multiplicador de boas práticas agronômicas em Minas Gerais. Formado por agrônomos, consultores e pesquisadores, o grupo é liderado pela Associação e tem como missão fomentar a pesquisa e disseminar o conhecimento aplicado à produção de algodão.

Segunda etapa: protagonismo do pequeno produtor no semiárido é discutido em Catuti (MG)

Tecnologia e sustentabilidade marcaram debates sobre a cotonicultura no Norte de Minas. Fotos: Marc Plus | acervo Amipa.

Realizada no dia 28 de maio na Fazenda Lagoa Escura, em Catuti, no Norte de Minas, a segunda etapa do CTA destacou um aspecto essencial da retomada da cotonicultura mineira: o protagonismo dos pequenos produtores e o papel da agricultura familiar como motor de transformação regional. Com a presença de mais de 300 participantes, entre produtores rurais, estudantes, técnicos e autoridades, o evento foi organizado em parceria com a Cooperativa dos Produtores Rurais de Catuti (Coopercat).

O especialista em algodão da Bayer, Cláudio Silveira, conduziu a palestra principal e defendeu a construção de um novo modelo algodoeiro no semiárido mineiro, baseado em tecnologia, inovação e sucessão rural. “É possível produzir algodão com qualidade e sustentabilidade no Norte de Minas, mas com um pacote tecnológico completo, que inclui sementes com biotecnologia, irrigação de precisão, uso racional de defensivos e agricultura digital. O diferencial aqui é que estamos falando de agricultores familiares, que estão mostrando capacidade de produtividade superior à média regional”, explicou.

O impacto do uso da biotecnologia foi evidenciado pelos números da safra 2023/24: produtores apoiados pela Coopercat chegaram a colher até 400 arrobas por hectare, superando a média de 250 arrobas. O resultado foi impulsionado pelas sementes Deltapine, com a tecnologia Bollgard® 3 RRFlex®, que confere proteção contra lagartas e permite flexibilidade no manejo de plantas daninhas. Em complemento, a Bayer doou um drone para aplicação de defensivos com precisão, reduzindo o número de pulverizações de 25 para 10 aplicações, gerando ganhos ambientais e segurança para o trabalhador rural.

A etapa também mostrou a importância do Centro de Difusão de Tecnologias Algodoeiras de Catuti (Ceditac). O empreendimento será responsável por beneficiar, descaroçar e prensar algodão produzido por pequenos produtores da região, com capacidade para atender até 800 hectares. O espaço também servirá como hub de capacitação técnica e intercâmbio internacional.

Para José Tibúrcio Carvalho Filho, gerente técnico da Coopercat, a presença de jovens foi um dos maiores destaques do evento. “Queremos garantir a sucessão familiar no campo e mostrar que é possível viver da produção agrícola com qualidade. O envolvimento dos estudantes reforça essa perspectiva de futuro”, destacou.

Terceira etapa: irrigação e nutrição equilibrada em Ibiaí (MG)

O município, que tem se destacado na cotonicultura, recebeu o Circuito Técnico Amipa 2025 com foco nos produtores empresariais da região. Fotos: Lício Pena | acervo Amipa.

Em 12 de junho, a terceira etapa chegou a Ibiaí, também no Norte de Minas, onde os debates foram direcionados aos produtores empresariais e às particularidades do cultivo irrigado na região. Com atividades nas Fazendas Fortaleza e Soberana, o evento teve como principal palestrante o pesquisador da Universidade do Oeste Paulista (Unoeste), Dr. Fábio Echer, que apresentou estratégias para melhorar a performance da lavoura em ambientes de baixa pluviosidade.

Segundo Echer, o algodão pode ser uma excelente alternativa para sistemas de rotação de culturas, especialmente por sua menor exigência hídrica em comparação com hortifrutis e grãos. “Quando bem irrigado, o algodoeiro promove maior eficiência no uso da água e energia e ainda ajuda no controle de doenças de solo”, afirmou. O pesquisador também destacou a importância de práticas como plantas de cobertura, que reduzem a temperatura do solo e ampliam a eficiência do sistema radicular.

No aspecto nutricional, o manejo equilibrado do fósforo, cálcio e boro foi apontado como essencial para o crescimento radicular e o desenvolvimento reprodutivo da planta. Já o uso de reguladores de crescimento, que limitam a altura da planta a cerca de 1,15 metro, foi defendido como técnica para concentrar a energia nas estruturas produtivas, evitando desperdício hídrico e aumento excessivo de biomassa.

Echer também elogiou o modelo descentralizado do circuito. “Discutir os desafios de cada microrregião no próprio campo, com os técnicos e produtores locais, é uma estratégia eficaz para gerar impacto real. A troca direta favorece diagnósticos precisos e soluções ajustadas à realidade de cada área”, comentou.

Quarta etapa: práticas no campo são destaque em Brasilândia de Minas (MG)

Produtores da região acompanharam de perto as recomendações técnicas para a lavoura algodoeira. Fotos: divulgação.

Realizado no dia 13 de junho, na Fazenda Valiosa, no município de Brasilândia de Minas, o evento reuniu produtores da região do Noroeste Mineiro para observar de perto a aplicação de manejos adaptados às condições locais e discutir o uso de novas tecnologias na lavoura algodoeira. Com foco em resultados práticos, a etapa reforçou a importância de eventos presenciais e regionais para troca direta de experiências entre técnicos e agricultores. A programação seguiu o formato das demais fases do circuito, com visita técnica, demonstrações em campo e espaço para interação com especialistas.

Quinta etapa: reflexão técnica e novas cultivares marcam o encontro em Patos de Minas (MG)

Com estações de campo, palestras e troca de experiências, o encontro marcou o encerramento da segunda edição do CTA, reforçando o compromisso da Amipa com o desenvolvimento da cotonicultura em Minas Gerais. Fotos: Cheese Filmes | acervo Amipa.

Encerrando a sequência do Circuito Técnico Amipa 2025, a quinta etapa foi realizada no dia 26 de junho, na Fazenda Experimental da Amipa, em Patos de Minas (MG). O evento contou com a participação de 150 pessoas entre cotonicultores, pesquisadores e consultores ligados ao GEAM, e apresentou cultivares com novas tecnologias e resistência a pragas e doenças, ampliando as perspectivas para a adoção ou permanência de produtores na cotonicultura.

Para José Lusimar Eugênio, engenheiro agrônomo da Amipa, o algodão continua sendo uma cultura viável mesmo sob adversidade climática. “Se cultivado com responsabilidade e manejo adequado, o algodão ainda traz rentabilidade e movimenta a economia regional”, explicou. Ele destacou que o setor exige mão de obra especializada e promove elevação do nível técnico das equipes no campo. “O debate técnico traz novas soluções. Por isso, eventos como o circuito são fundamentais para alcançar boa produtividade e qualidade de fibra”, concluiu.

Amipa e o fortalecimento da cotonicultura mineira

O CTA demonstrou como o algodão vem sendo reposicionado em Minas Gerais como uma cultura estratégica, não apenas pela sua relevância econômica, mas também por seu potencial de inclusão social, geração de renda e dinamização de arranjos produtivos locais.

Para o presidente da Amipa, Daniel Bruxel, o evento é parte de uma estratégia mais ampla de revitalização da cotonicultura no estado. “Estamos estruturando polos produtivos com base técnica sólida, oferecendo capacitação, acesso ao crédito, certificações e oportunidades de comercialização. O envolvimento de jovens e a valorização da agricultura familiar mostram que estamos plantando um futuro sustentável para o algodão mineiro”, afirmou.

Para Daniel Buxel a proximidade com o campo gera conhecimento, promove inovação e fortalece a cotonicultura regional. Foto: Cheese Filmes | acervo Amipa.

Feliciano Nogueira de Oliveira, coordenador do Programa Mineiro de Incentivo à Cultura do Algodão (Proalminas), afirma que o Circuito Técnico consolida a cotonicultura como um dos pilares do agronegócio mineiro, impulsionando desenvolvimento regional com base em conhecimento e articulação institucional. “A cotonicultura já ocupa posição de destaque no estado. Com apoio do Proalminas, da Amipa e das indústrias têxteis, Minas atingirá, segundo a Conab, 76,8 mil toneladas de algodão na safra 2024/2025, em 43,8 mil hectares cultivados, com produtividade média de 1.800 kg/ha. Esse resultado nos coloca na terceira posição do ranking nacional, com valor estimado de R$ 716 milhões”, afirmou. Feliciano também destacou o papel estratégico das parcerias para levar informação ao campo. “O Circuito Técnico tem sido essencial para fortalecer a agricultura familiar no Norte de Minas. O acesso ao conhecimento transforma a realidade desses produtores e resgata uma vocação histórica da região. A união entre Amipa, Coopercat, UFLA, governos e iniciativa privada está revitalizando essa cultura de forma sustentável e com impacto social positivo”, concluiu.

O secretário de Agricultura de Minas Gerais, Thales Almeida Pereira Fernandes, reforçou o papel estratégico da cotonicultura para a economia do estado. “Estamos investindo em pesquisa, extensão, certificação e inovação tecnológica para garantir que o algodão volte a ocupar o espaço que merece em Minas, com qualidade e sustentabilidade”, declarou.

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