O bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis) é uma das pragas mais destrutivas da cotonicultura nas Américas e, por décadas, representou um dos maiores desafios para os produtores brasileiros. Para combatê-lo, o uso intensivo de defensivos químicos se tornou uma prática comum, mas também trouxe impactos negativos, como resistência de insetos, desequilíbrios ecológicos e contaminação do solo e da água.
Pensando em soluções sustentáveis para equilibrar a cotonicultura em Minas Gerais, a Associação Mineira dos Produtores de Algodão(Amipa) e a Embrapa Algodão desenvolvem, em parceria, um projeto inovador de controle biológico do bicudo, utilizando um inimigo natural da praga: o parasitoide Jaliscoa grandis (anteriormente conhecido como Catolaccus grandis).
O projeto, gerido pela Amipa com recursos financeiros do Fundo de Desenvolvimento da Cotonicultura de Minas Gerais (Fundo Algominas), visa criar estratégias para usar o Jaliscoa e implementar protocolos que melhorem sua produção em larga escala. Nos testes realizados pela Associação em áreas de experimentação, espera-se substituir gradualmente os inseticidas por essa alternativa sustentável.
“O trabalho da Amipa consiste em buscar na natureza as soluções para compor o Manejo Integrado de Pragas (MIP). Esse trabalho resulta em menor uso de defensivos químicos e em um maior equilíbrio dos sistemas produtivos na agricultura”, destaca LícioAugusto Pena de Sairre, diretor executivo da Associação.
Segundo ele, o controle biológico representa uma mudança de mentalidade na agricultura moderna, uma ferramenta que alia produtividade e responsabilidade ambiental. “Está no DNA dos nossos associados essa visão equilibrada da agricultura, buscando sempre reduzir o uso de químicos e fortalecer uma produção regenerativa”, completa.
Ciência e sustentabilidade lado a lado
Na Embrapa Algodão, o projeto é liderado tecnicamente pelo pesquisador José Geraldo Di Stefano, que explica a importância científica e ambiental dessa iniciativa.
“O uso intensivo de inseticidas chegou a ultrapassar 20 aplicações por safra em algumas regiões, o que gerou sérias preocupações. O controle biológico surge como uma alternativa para reduzir essa pressão química e contribuir com a sustentabilidade da cotonicultura nacional”, explica Di Stefano.
O trabalho envolve um processo complexo de criação de dois insetos em laboratório: o bicudo e o parasitoide Jaliscoa grandis, responsável por controlar naturalmente as populações da praga.
De acordo com Di Stefano, a pesquisa busca alcançar taxas ideais de emergência e parasitismo para viabilizar a liberação do parasitoide em campo, oferecendo aos produtores uma tecnologia eficiente e ambientalmente correta.
“O controle biológico é uma construção de longo prazo, que exige paciência, rigor técnico e perseverança. Mas seus benefícios para o equilíbrio ecológico e a segurança ambiental são incomparáveis”, ressalta o pesquisador.
Benefícios ambientais e sociais
Além de proteger as lavouras, o controle biológico traz ganhos diretos para o meio ambiente e para a sociedade. Ao reduzir o uso de produtos químicos, ele diminui as emissões de gases de efeito estufa, preserva polinizadores e outros inimigos naturais, e melhora as condições de trabalho no campo.
Para Lício, esse é um passo essencial para a consolidação de uma agricultura verdadeiramente sustentável.
“A Associação acredita que inovação e responsabilidade caminham juntas. O controle biológico é uma forma de devolver equilíbrio aos ecossistemas agrícolas e garantir um futuro mais limpo para a produção de algodão em Minas Gerais e no Brasil”, afirma.
Um legado para o futuro
Desde 2019, a cooperação entre Amipa e Embrapa Algodão tem se consolidado como referência nacional em inovação tecnológica e ambiental. O sucesso do projeto poderá colocar o Brasil entre os poucos países do mundo capazes de utilizar o controle biológico do bicudo em larga escala.
“O controle biológico não é apenas uma técnica; é um legado. Representa o compromisso da pesquisa e dos produtores com uma agricultura mais inteligente, sustentável e respeitosa com o meio ambiente”, conclui Di Stefano.
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