Neste mês de novembro, a Associação Mineira dos Produtores de Algodão (Amipa) finalizou o processo de certificação safra 2021/2022 de usinas de beneficiamento de algodão (popularmente conhecidas como algodoeiras), no âmbito do Programa Algodão Brasileiro Responsável para Unidade de Beneficiamento de Algodão (ABR-UBA). Foram três algodoeiras certificadas em Minas Gerais: Algodoeira Guimarães (Guimarães Agropecuária Ltda.), localizada em Serra do Salitre; Algodoeira DB (Décio Bruxel e Outros), localizada em São Romão; e Algodoeira Fibra Forte (Fibra Forte Algodoeira e Produtos Agrícolas Eirelli), localizada em Patos de Minas. Este número representa o crescimento de propriedades certificadas no estado, que registrou duas certificações na safra 2020/2021 e uma na temporada 2019/2020 – ano de criação do programa. As unidades beneficiadoras obtiveram o apoio da Associação em todas as etapas regulamentares – do diagnóstico à certificação – por meio do acompanhamento de consultoria técnica contratada pela entidade.
Para serem certificadas, estas algodoeiras foram submetidas a rigorosos parâmetros de avaliação quanto a boas práticas de sustentabilidade e de segurança do trabalho, devendo cumprir critérios que atendam aos princípios fundamentais da produção e do beneficiamento, em especial os relativos à regularidade das relações trabalhistas, proibição da utilização de trabalho estrangeiro irregular e ao cumprimento das normas de segurança do trabalho; à proibição da utilização de mão de obra infantil e da prática de trabalho forçado ou análogo a escravo, ou de trabalho degradante ou indigno; à proibição de discriminação de pessoas por qualquer motivo; à liberdade de sindicalização e apoio à negociação coletiva entre os sindicatos laborais e patronais; à segurança do trabalho e saúde ocupacional; à proteção legal e preservação do meio ambiente; e à aplicação das boas práticas industriais no beneficiamento do algodão brasileiro.
A primeira etapa do processo de certificação é a adesão voluntária da propriedade, que consiste na assinatura de termo acatando o regulamento e práticas estabelecidos pelo ABR-UBA. Após isso, é feito o trabalho de avaliação situacional do empreendimento, pelo qual a algodoeira passa pela chamada Verificação para Diagnóstico da Unidade de Beneficiamento de Algodão (VDB). Nessa etapa, realizada nas algodoeiras mineiras de 22 a 31 de agosto, o consultor contratado pela Amipa, Luís André de Queiroz Carvalho, apresentou o regulamento do programa, o conteúdo técnico das listas VDB e Verificação para Certificação da Unidade de Beneficiamento de Algodão (VCB) e o modelo técnico de Plano de Correção das Não Conformidades (PCNC) aos gestores e à equipe responsável pela implementação do ABR-UBA nos empreendimentos, e também vistoriou e avaliou todos os setores das algodoeiras, assim como sua documentação, gerando o diagnóstico completo da VDP. Partindo dessa avaliação, a consultoria elaborou os PCNCs com as informações sobre as adequações recomendadas para as algodoeiras a fim de melhorar o negócio e, consequentemente, serem submetidas à auditoria de certificação. Todo o processo operacional de adequação e melhorias das algodoeiras foi acompanhado de perto pela consultoria da Associação.
Cumpridas as adequações, a algodoeira é submetida à etapa final de VCB, realizada por certificadora contratada pela Amipa dentre aquelas credenciadas pela Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa). A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) – uma das principais certificadoras do país e acreditada internacionalmente – realizou as auditorias presenciais em Minas durante o período de 24 a 28 de outubro e todas as unidades de beneficiamento alcançaram 100% de cumprimento dos critérios estabelecidos pelo programa de certificação.
Luis André ressalta que os ganhos com o protocolo ABR/UBA são enormes, sendo os maiores beneficiários os próprios colaboradores, que têm o ambiente de trabalho salubre, seguro e com procedimentos claros, proporcionando a manutenção da sua integridade física. Em contrapartida, os gestores contam com colaboradores mais satisfeitos e integrados ao sistema e com um estabelecimento que atende as normativas vigentes.
Júlio César Pinto, auditor da ABNT e responsável pelas auditorias in loco no estado, enalteceu o trabalho da Amipa e de toda a equipe técnica das empresas envolvidas, tanto pelo empenho em cumprir todas as etapas necessárias e quanto pelo entendimento em produzir com segurança – isso é muito importante. “Tudo o que foi pedido, foi atendido, e até mais. A parte de automação das três algodoeiras que visitei em Minas Gerais é padrão, vocês estão de parabéns. Dificilmente encontramos nesse nível”, elogiou o auditor, ressaltando que em unidade certificada o risco de acidente é mínimo por haver todo um cuidado, treinamento e preocupação de todos os envolvidos no processo.
A Algodoeira Guimarães foi pioneira na adesão ao programa ABR-UBA na safra 2019/2020, mesmo em meio à pandemia da Covid-19, e ano passado a Algodoeira DB também entrou para o rol de usinas certificadas. Para estas duas empresas, o foco neste ano foi na manutenção dos itens, procedimentos implantados e na melhoria contínua em prol da segurança do trabalho, promovendo a blindagem do estabelecimento e do produtor. Por terem obtido em 2022 a certificação no Programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR), voltado especificamente para a boas práticas nas unidades produtivas (fazendas), esses produtores puderam ter suas algodoeiras submetidas, no programa ABR-UBA, apenas à auditagem nos critérios 6 (meio ambiente, segurança do trabalho/saúde ocupacional e segurança em máquinas e equipamentos), 7 (desempenho ambiental) e 8 (boas práticas). Quanto à Fibra Forte, por ser a primeira certificação da unidade de beneficiamento, foram verificados todos os oito critérios do programa devido a algodoeira não estar localizada dentro de uma fazenda com certificação ABR-BCI.
“No início, dá insegurança por achar que o processo pode ser muito amplo e complexo, mas com profissionais a altura, tanto nossos como da Amipa, a gente consegue superar essas barreiras, e foi o que aconteceu. Ter a Associação como parceira, que nos mostrou os benefícios da certificação e ofereceu subsídio e ajuda na coordenação do processo, foi decisivo para darmos entrada no processo de certificação. Hoje, já podemos começar a colher os frutos dos investimentos feitos em toda a estrutura, e esperamos que isso seja valorizado e percebido pelas pessoas que trabalham conosco, pelo mercado em si, pelos parceiros, fornecedores. Nossa intenção sempre foi investir em algo que beneficiasse toda a cadeia produtiva e gerasse segurança no trabalho e qualidade profissional para toda cadeia do algodão”, declarou Heder Augusto, proprietário da Fibra Forte.
“Esse ano, encerramos todo o beneficiamento da minha produção e daquele feito para terceiros já usando a estrutura na qual foram feitos ajustes, prevenção, reparo, manutenção e investimentos nos dois conjuntos de beneficiamento e em todo o ambiente de risco. Encerramos toda a safra com tranquilidade, com a satisfação de não ter tido nenhum acidente de trabalho, mostrando que esse é o grande objetivo”, avalia Heder Augusto.
Em Minas Gerais, o ABR-UBA é conduzido pela Amipa com o apoio do Programa Mineiro de Incentivo à Cultura do Algodão (Proalminas), por meio do Fundo de Desenvolvimento da Cotonicultura do Estado de Minas Gerais (Algominas). “A busca da sustentabilidade pela cadeia de valor da cotonicultura é uma crescente em todos os seus segmentos. E é aliado a essa busca determinada que o Proalminas apoia as ações dos programas ABR-BCI nas propriedades produtoras de algodão, bem como o ABR-UBA para as usinas de beneficiamento do algodão, gerando um diferencial positivo e competitivo para a cadeia de valor do algodão mineiro”, declarou Feliciano Nogueira de Oliveira, coordenador do Proalminas.
Sobre o ABR-UBA
Lançado em 2020 pela Abrapa, o programa é baseado no conceito da sustentabilidade, em seus pilares ambiental, social e econômico, e estabelece parâmetros a serem cumpridos, que serão auditados para a certificação. Tudo isso atrelado à gestão correspondente dessas unidades de beneficiamento, cuja evolução progressiva depende da manutenção destes dois fatores ao longo das safras.
Fábio Carneiro, gestor de sustentabilidade da Abrapa, à frente dos programas ABR-BCI e ABR-UBA, destaca que é importante ter um protocolo nacional de boas práticas para as unidades de beneficiamento, por serem mais similares às indústrias do que à própria questão agrícola. “Por estarem dentro das propriedades do produtor, a gente consegue com esse protocolo padronizar as questões sociais e de boas práticas para reduzir acidentes de trabalho e aumentar a eficiência do algodão beneficiado. Assim, tem-se um fardo mais atrelado à questão da demanda do consumidor, com redução de problemas para dentro da propriedade. Este protocolo tem avançado, tivemos este ano mais propriedades aderindo a esta certificação, com o acompanhamento das estaduais, e estamos felizes por fazer mais uma melhoria para o setor como um todo”, declarou o gestor.
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Silvia Alves – assessora de imprensa Amipa
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