A Associação Mineira dos Produtores de Algodão (Amipa) esteve representada por seu presidente Daniel Bruxel e pelo diretor executivo Lício Augusto Pena de Sairre no tradicional evento comercial promovido pela International Cotton Association (ICA), que aconteceu entre 8 e 10 de novembro, em Las Vegas (EUA). Sob o tema Together Again, esta edição reuniu cerca de 500 participantes de todos os países produtores e consumidores de algodão, entre profissionais da cadeia produtiva, palestrantes, líderes e especialistas do setor.
No dia 8, o Brasil participou da programação do evento com o “Regional Forum: Brazil”, momento em que foi apresentada a cotonicultura brasileira em números, com destaque para o fato de o país ser o maior produtor de algodão certificado do mundo, primando pela qualidade e rastreabilidade, desde a fazenda até o produto final. Participaram das discussões no fórum o presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (ANEA), Miguel Faus, Guilherme Scheffer (Grupo Scheffer), Walter Horita (Grupo Horita) e Aurélio Pavinato (SLC).
Nos dias 9 e 10, a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) promoveu rodadas de negócios com importantes tradings brasileiras, ocasião em que também foram discutidos o contexto da comercialização do algodão, a evolução da fibra no país, a padronização dos lotes, a qualidade, a rastreabilidade, entre outros temas.
Segundo o diretor executivo da Amipa, a Associação sempre manteve assento nos eventos da ICA e nas reuniões paralelas. “O evento é muito rico em informação e nós, representantes da delegação mineira, voltamos para o Brasil levando muitas informações para os associados, informações estratégicas que vão ajudar na tomada de decisões para os plantios para as próximas safras 2022/23 e 2023/24”, analisa Lício Pena.
Resumo do ICA 2022 – Las Vegas
Macroeconomia e especulação financeira são determinantes hoje na formação do preço do algodão.
Enquanto Federal Reserve não sinalizar alívio no aumento dos juros, o mercado segue pressionado.
Após período de grande demanda por têxteis, impulsionada por estímulos fiscais, o consumo caiu em todo o mundo, com salto na inflação e consequente aumento de juros.
O mercado físico está totalmente desaquecido e estocado até o varejo. Fiações estão tentando adiar o recebimento do algodão já comprado devido à ausência de demanda.
Geopolítica ajudou o Brasil com o boicote da China ao algodão da Austrália.
Fiações estão passando por dificuldades, mas capitalizadas devido aos lucros recentes das safras anteriores.
Há um entendimento de que o algodão não pode ficar muito tempo abaixo do custo de produção dos EUA (em torno de 80 a 90c/lp), principalmente com os demais grãos valorizados.
A fraqueza na demanda deve permanecer até o primeiro semestre de 2023 devido a fatores como inflação, guerra na Ucrânia e China.
No médio e longo prazos, os fundamentos entram em cena e o cenário é positivo para o algodão. A demanda será retomada e deve retomar tendência de crescimento anual.
China e Índia, os dois maiores produtores globais, têm como prioridade a segurança alimentar, por isso o algodão tende a perder área no médio e longo prazos.
Sustentabilidade e rastreabilidade ganharão importância cada vez maior.
O algodão do Brasil está sendo visto no mercado internacional em pés de igualdade com o americano e o australiano. Nossa deficiência é índice de fibras curtas (SFI).
Os EUA sofrem muito com logística interna e estoques apertados.
A Austrália plantando sob muita chuva, mas pelo menos já garantiu água nos reservatórios para mais três boas safras.
Algodão é a fibra preferida entre os consumidores em todo o mundo em termos de qualidade, conforto e sustentabilidade.
As fibras artificiais são nossos grandes concorrentes. A cada 1 ponto percentual de market share que o algodão ganhar no mercado global de fibras, 1,2 milhão de toneladas a mais serão demandadas.
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Contribuição ao texto: imprensa Abrapa
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