No dia 4 de abril foi realizado na Central de Classificação de Fibra de Algodão (Minas Cotton) o “Curso de Capacitação e Qualificação de Inspetor de Algodão em Pluma”, uma iniciativa da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) em parceria com a Associação Mineira dos Produtores de Algodão (Amipa). Os objetivos foram aprimorar os processos referentes às atividades de amostragem do algodão em pluma nas usinas de beneficiamento (popularmente conhecidas como algodoeiras) e cumprir com os requisitos previstos na Instrução Normativa n. 24 (IN 24) do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), de 14 de julho de 2016, que define o padrão oficial de classificação, com os requisitos de identidade e qualidade, a amostragem, o modo de apresentação, além da marcação ou rotulagem.
Também foi a oportunidade de apresentar às algodoeiras o Programa de Autocontrole para a Certificação de Conformidade da Qualidade do Algodão Brasileiro, chancelado pelo Mapa, o qual é baseado nos moldes do tradicional “green card” americano, que representa uma espécie de passe livre da pluma dos Estados Unidos, com o pressuposto de que a análise do produto comercializado é fidedigna e dispensa a etapa de rechecagem.
O curso abordou aspectos técnicos de preparo dos inspetores para a realização do autocontrole nos pontos críticos do processo, desde a retirada das amostras até a análise do algodão para a certificação oficial do Ministério da Agricultura. Com temas específicos, englobou aspectos técnicos e legais sobre as Unidades de Beneficiamento de Algodão (UBAs); os laboratórios de análise de HVI; o programa Standard Brasil HVI (SBRHVI) – sistema que tem a qualidade como foco, padronizando a classificação instrumental do algodão, informatizando o acesso aos dados de classificação; a legislação; o Programa de Autocontrole do Algodão; e adaptações no Sistema Abrapa de Identificação (SAI) para operação do Programa de Autocontrole do Algodão.
A capacitação dos participantes esteve a cargo do gestor do Programa SBRHVI, Edson Mizoguchi, e contou com a participação do coordenador regional de algodoeiras da SLC Agrícola, Edmilson Souza Santos; da diretora de relações institucionais da Abrapa, Silmara Ferraresi; e do gerente da Minas Cotton, Anicésio Rezende. Pelo Mapa, foi enviado o coordenador de Fiscalização de Qualidade Vegetal, Cid Alexandre de Oliveira Rozo. Este curso deu a oportunidade para que os 32 colaboradores de algodoeiras (23 de Minas Gerais e 9 de São Paulo) inscritos recebessem orientações para atender às regras de sustentabilidade que regem o SBRHVI e os principais mercados mundiais da pluma.
Para Anicésio Resende, o autocontrole traz transparência, garante rastreabilidade das amostragens do algodão brasileiro, favorece a confiança e a credibilidade nos ensaios das fibras do algodão no mercado em geral, gerando valorização do algodão brasileiro.
O evento contou com o apoio da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), por meio do Programa Mineiro de Incentivo à Cultura do Algodão (Proalminas) e Fundo de Desenvolvimento da Cotonicultura de Minas Gerais (Fundo Algominas).
Certificação oficial
O novo Programa de Autocontrole para a Certificação de Conformidade da Qualidade do Algodão Brasileiro vem simplificar etapas e dispensar a necessidade de rechecagem do algodão, pelos países de destino. Trata-se de um processo autodeclaratório, que dispensará a presença mais intensiva do auditor fiscal, partindo do princípio de que as informações fornecidas são fidedignas, e, em caso de inconsistência nos dados, haverá punições cabíveis.
“Basicamente, o programa de autocontrole vem estruturado de todo o trabalho que é feito no SAI, somado ao trabalho que é feito no SBRHVI. Nesse processo, foram feitos aprimoramentos, o SAI foi reestruturado do zero, inclusive para contemplar os pontos da IN 24. No autocontrole dois pontos são fundamentais: o primeiro é a prova de que aquela amostra foi produzida com qualidade e ela realmente corresponde àquele fardo do produtor, que ela tem a devida identificação, com etiqueta SAI, com a mala lacrada; o segundo é o trabalho executado com essa amostra pelo laboratório, se a análise de qualidade HVI dessa amostra é realizada de acordo com os padrões internacionais. Se todos esses passos são cumpridos dentro do processo, o Mapa concede o certificado oficial a partir do trabalho desenvolvido pela Abrapa”, explica Silmara Ferraresi.
Segundo ela, os inspetores treinados neste curso – já ministrado em Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Rio Grande do Sul – serão responsáveis por todo o processo: repasse de conhecimento, lançamento de informações dentro do sistema, comprovação desse passo a passo e declaração voluntária de que todos os processos foram cumpridos. “Ainda há um longo caminho, mas a gente acredita que esse programa de autocontrole e a certificação do algodão vai colocar o algodão produzido no Brasil em outros patamares”, analisa.
Por este novo modelo, as UBAs precisam fazer o seu registro no Mapa como usina de beneficiamento. Assim que o sistema da Abrapa iniciar a safra 2022/2023, todos os inspetores habilitados serão cadastrados pela associação nacional para início do autocontrole. O objetivo da certificação do algodão brasileiro é garantir que as amostras sejam realmente do fardo e as análises tenham resultado aferido conforme padrões internacionais, e por isso tem a chancela do Mapa.
Para Edson Mizoguchi, o fato de a Abrapa tornar-se um serviço de controle autorizado pelo Mapa “permite que a gente tenha uma responsabilidade muito maior no processo, desde o momento em que faz a retirada dessas amostras até a emissão do resultado das análises desse algodão. Isso também dá a garantia para o cliente final de que nós temos esse compromisso junto com o governo brasileiro”.
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Silvia Alves – assessora de imprensa Amipa
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