Conhecer a fundo como funciona o algodoeiro – sua “fisiologia” – e atuar estrategicamente sobre seus processos vitais, seja com o manejo correto ou a incorporação de tecnologia, pode ser a diferença para a alta produtividade de uma lavoura de algodão. Mais que isso, a resposta para os grandes desafios da atualidade, como enfrentar a variabilidade climática e sua influência na agricultura. Não por acaso, a fisiologia do algodoeiro será um dos eixos temáticos do 14º Congresso Brasileiro do Algodão (14º CBA), evento promovido pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), que será realizado entre os dias 03 e 05 de setembro próximo, em Fortaleza/CE.
O campo da fisiologia é tão vasto quanto variado, já que engloba todos os processos que a planta realiza para que ela possa crescer e se desenvolver. Isso vai desde a capacidade de fazer fotossíntese, capturar carbono, absorver nutrientes, resistir ao estresse hídrico e muitos outros fatores, que interconectam disciplinas como bioquímica, genética, ecologia e agronomia.
De acordo com o pesquisador da Embrapa e membro da Comissão Científica do 14º CBA, Fernando Lamas, do ponto de vista fisiológico, o algodoeiro talvez seja uma das plantas cultivadas pelo homem que têm a fisiologia mais interessante e, ao mesmo tempo, desafiadora. “Qualquer fator, seja de natureza biótica ou abiótica, que venha a interferir na atividade fisiológica do algodoeiro pode resultar em queda da produtividade ou impacto negativo na qualidade da fibra”, diz.
Mudanças climáticas
Por outro lado, segundo o pesquisador, a interferência calculada sobre essas características naturais pode ajudar na definição de tratos culturais específicos na planta e no seu funcionamento, que vão desde a altura, a arquitetura ou o tamanho das raízes, e consequentemente, trazer grandes benefícios à produção. “Acredito que as mudanças climáticas serão um tópico muito discutido no 14º CBA. Estão surgindo produtos, que podem ser aplicados por diversas vias, que ajudam as plantas a enfrentar períodos de seca e temperatura muito elevada”, afirma Lamas. “São químicos e biológicos que minimizam o problema, quando utilizados na dose e no momento corretos. Existe uma outra linha de produtos que promove o melhor crescimento radicular. “Com raízes maiores e profundas, as plantas se tornam menos susceptíveis a eventuais períodos de déficit hídrico”, explica.
Mas nem tudo são altos investimentos ou envolvem grandes requintes científicos. “Algumas das escolhas do produtor, feitas com base no conhecimento da fisiologia, não lhe custarão nenhuma despesa extra, mas potencializarão a capacidade produtiva das suas lavouras, a começar sobre a seleção da janela correta de semeadura, para que não haja limitações nem de água nem de luz”, relata lamas.
Eixos temáticos
Segundo a diretora de Relações Institucionais da Abrapa, e coordenadora do 14º CBA, Silmara Ferraresi, as palestras, salas temáticas e workshops do congresso estarão lastreadas em grandes temas, divididos em cinco eixos: fisiologia, entomologia, fitopatologia/nematologia, qualidade/colheita/beneficiamento e agronomia/sustentabilidade/fisiologia. “Essa divisão permitiu à comissão científica do 14º CBA organizar e construir uma programação inteligente, sem, contudo, engessá-la”, diz Silmara. “O que se fez foi aproveitar a sinergia entre as muitas disciplinas nas quais esses conteúdos se encaixam, para potencializar a apreensão do conhecimento. Será um congresso extremamente enriquecedor para o produtor e suas equipes”, conclui Silmara.
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Fonte: Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa)